segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Psicologia Transpessoal

Resumão do texto A psicologia transpessoal de Carlos Antonio Fragoso Guimarães:
1- Entre as várias ramificações da Psicologia (clínica, da educação, das organizações, jurídica,) existem diversas abordagens, ou maneiras diferentes de explicar a ação humana com base em determinados pontos de vistas diferentes, maneiras de interpretar o ser humano que constituem as escolas baseadas em Teorias da Personalidade: comportamentalista, psicanalista, humanista, etc. Estas diferentes abordagens não mais são vistas como conflitantes são agora vistas como complementares entre si.
Metáfora do espectro do arco-íris ilustra a nova visão da psicologia. O arco-íris, apesar de dividir-se em 7 cores é quase impossível determinar onde começa uma e termina a outra. Uma vai se transformando paulatinamente em outra. Apesar de diferentes estão juntas em um mesmo todo: o todo constitui o arco-íris..

Da mesma forma, as diferentes abordagens psicoterápicas, embora se atenham a uma determinada característica essencial do ser humano, formam, em seu conjunto, um espectro de “cores” que constituem diferentes estados, ou etapas, ou níveis de consciência. Em se estando em um determinado nível ou estado de consciência, tem-se a tendência de explicar tudo a partir daquela determinada “cor”, o que hoje sabemos ser algo bastante limitador da realidade.
2. A compreensão da consciência como um "espectro" é formulada pela Psicologia Transpessoal, ou Psicologia dos Estados de Consciência. Transpessoal significa estar além dos limites do pessoal, que refere-se a uma pequena parte do que chamamos de nossa consciência "consciente", ou o ego.
3. A abordagem transpessoal da psicologia estuda as possibilidades psíquicas (mentais, emocionais, intuitivas, somato-sensoriais) do ser humano pelos diferentes estados ou graus de consciência pelos quais a pessoa passa (dormindo é diferente de acordado, diferente de resolvendo um problema matemático, assistindo um filme, de outros ainda desconhecidos)sabendo que em cada estado de consciencia é experimentada uma forma diferente de se perceber ou interpretar a realidade ( percebemos e interpretamos a realidade apaixonados de forma diferente de quando estamos com raiva ou frustrados). A psicologia Transpessoal volta-se para o estudo destes diversos estados, não vendo-os como contrários, mas como complementares entre si, enfatizando, porém, os estados de consciência superiores, espirituais ou transpessoais,
"porque em tais estados, o sentimento de separação e de egoísmo torna-se um segundo plano em relação a um sentimento e identificação mais ampla, cooperativa, fraternal, transpessoal para com todos os seres vivos (consciência crística, búdica, nirvânica, universal ou ecológica). E foram exatamente os grandes mestres, quer religiosos (Cristo, Buda, Francisco de Assis), quer científicos (Einstein, Tesla, Heisenberg), quer políticos (Gandhi, Luther King), quer artísticos (Bach, Da Vinci) que experimentaram, em graus variáveis, picos de “Consciência Cósmica” que mudaram não só suas próprias percepções da realidade, como ajudaram a outros (embora de modo diferente, pois a experiência não pode ser facilmente posta em palavras) a atingirem ao menos uma intuição desta “outra maneira de ver e sentir” o mundo, natural e humano".

Vejamos esta descrição, feita por Stanislav Grof, de experiências correlacionadas com o declínio de uma patologia (extraído de Fadiman & Frager, 1986, página 168,com comentários do autor da matéria):
No estado de consciência 'normal' ou usual, o indivíduo se experimenta existindo dentro dos limites de seu corpo físico (a imagem corporal), e sua percepção do meio ambiente é restringida pela extensão, fisicamente determinada, de seus órgãos de percepção externa; tanto a percepção interna quanto a percepção do meio ambiente estão confinadas dentro dos limites do espaço e do. Em experiências psicodélicas (área explorada por Grof em fins dos anos 50, na Tchecoslováquia, e nos anos 60 nos EUA) de cunho transpessoais, uma ou várias destas limitações parecem ser transcendidas (este fenômeno também se encontra, de modo esporádico, nas várias terapias psicológicas, tendo recebido nomes como "Experiências Oceânicas" em Freud, "Experiências Culminates" em Maslow, "Consciência Cósmica", em Weil, "Experiência Mística", etc). Em alguns casos, o sujeito experiencia um afrouxamento de seus limites usuais de ego e sua consciência e autopercepção parecem expandir-se para incluir e abranger outros indivíduos e elementos do mundo externo. Em outros casos, ele continua experienciando sua própria identidade, mas numa percepção de tempo diferente, num lugar diferente ou em um diferente contexto. Ainda em outros casos, o individuo pode experienciar uma completa perda de sua própria identidade egóica e uma total identificação com a consciência de uma 'outra' entidade. Finalmente, numa categoria bastante ampla destas experiências psicodélicas transpessoais (experiências arquetípicas, união com Deus, etc.), a consciência do sujeito parece abranger elementos que não têm nenhuma continuidade com a sua identidade de ego usual e que não podem ser considerados simples derivativos de suas experiências do mundo tridimensional".
São, pois, estas experiências culminantes e transumanas, bem como suas conseqüências no comportamento humano, que são o foco central da Psicologia Transpessoal.
Foi em meados da década de sessenta, durante o rápido desenvolvimento e aceitação dos pressupostos básicos da psicologia humanista, com Maslow e Rogers, que alguns psicólogos e psiquiatras começaram a discutir quais os limites e características a que seria possível chegar o potencial da consciência humana. Muitos pesquisadores achavam que a visão da psique dada pela Psicanálise e pelo Behaviorismo eram, no mínimo, bastante simplificadas e reducionistas, não explicando uma grande gama de fenômenos mentais que escapavam - e muito - do campo de alcance de tais teorias. E a Psiquiatria dava ainda menos clareza sobre uma ampla gama de estados de consciência claramente chocantes e, ao mesmo tempo, fascinantes, que não podiam se restringir unicamente à história orgânico-biográfica de alguns pacientes. Ademais, existiam pessoas de grande capacidade humana que possuíam experiências de consciência que não se enquadravam nas teorias vigentes da Psicologia. Daí a necessidade de estudar os estados não-ordinários positivos, ou “Transpessoais”, de percepção e consciência...

Eis as palavras de Maslow anunciando o desenvolvimento da Psicologia Transpessoal:
"Devo também dizer que considero a Psicologia Humanística, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda "mais elevada", transpessoal, transumana, centrada mais na ecologia universal do que nas necessidades interesses restritos ao ego, indo além da identidade, da individuação e congêneres... Necessitamos de algo "maior do que somos", que seja respeitado por nós mesmos e a que nos entreguemos num novo sentido, naturalista, empírico, não-eclesiástico, talvez como Thoreau e Whitman, William James e John Dewey fizeram".

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