Cultura envenena cérebro com racismo.
Matéria publicada na HypeSciense. 4/10/2011.
Durante anos, cientistas sociais descobriram uma verdade inquietante. Não importa quão igualitária uma pessoa pretende ser, a sua mente inconsciente possui alguns pensamentos racistas ou sexistas.
Mas um novo estudo descobriu que isso pode dizer menos sobre a pessoa individualmente e mais sobre a cultura que a envolve.
A pesquisa descobriu que as pessoas são rápidas em associar pares de palavras que evocam estereótipos (por exemplo, “negro – pobre” ou “negro – imbecil”), mas essa tendência é baseada não no sentido social das palavras, mas na probabilidade das palavras que aparecem juntas na literatura e na mídia.
Ou seja, este preconceito implícito é mais influenciado pela cultura do que por qualquer maldade inata da pessoa.
Há uma ideia de que as pessoas tendem a associar os negros com a violência, mulheres com fraqueza, ou pessoas mais velhas com o esquecimento, porque elas são preconceituosas. Mas há outra possibilidade de que o que está em sua cabeça não é somente sua ideia, mas a cultura em torno de você. O seu conteúdo é, em grande parte, aquilo que você absorveu da leitura, do rádio, da televisão, da internet…
Nos estudos, as pessoas deveriam associar pares de palavras que trazem à mente alguns estereótipos. “Feminino” e “fraco” são mais rapidamente associados do que “feminino” e “mundano”, por exemplo. Esse preconceito implícito é diferente dos preconceitos explícitos, que os psicólogos indentificam perguntando às pessoas como elas se sentem em relação à diversos grupos sociais.
Mas a raiz do preconceito implícito não estava clara. De fato, as pessoas podem associar pares de palavras porque viram o significado compartilhado dentro deles – eles realmente pensam em “negro” e “pobres” como termos coincidentes. Mas as pessoas também podem ligar as duas palavras porque elas simplesmente veem as palavras juntas na literatura e na mídia com mais frequência do que as palavras “negro” e “imbecil”.
Os pesquisadores testaram a teoria, dando a 104 alunos de graduação um dos três testes. No primeiro, o estudante viu duas palavras brilharem na tela do computador, uma após a outra, e depois tinha que dizer se a segunda palavra era uma palavra real. No segundo, as palavras também apareciam como flash na tela e o participante devia classificar se a segunda palavra era positiva ou negativa. O terceiro experimento foi idêntico, mas os alunos foram questionados se as duas palavras eram relacionadas.
Os pares de palavras eram uma mistura de termos estereotipados sobre os homens, mulheres, negros, brancos, jovens e velhos. Alguns dos pares incluídos eram palavras sem sentido também.
Em todos os três experimentos, um menor tempo de reação à resposta para uma pergunta indica uma ligação mais estreita entre as duas palavras no cérebro. Como em outros estudos, os participantes foram mais rápidos em reagir a pares de palavras que provocaram estereótipos.
Mas esta experiência tinha um outro nível: os pesquisadores analisaram os resultados usando um programa de computador chamado BEAGLE. Este programa contém uma amostra de artigos de livros, revistas e jornais, cerca de 10 milhões de palavras no total, imitando a quantidade média de leitura que um estudante universitário deve ter feito em sua vida.
O programa analisa todas as palavras, incluindo a frequência com que duas palavras aparecem próximas umas das outras.
Comparando os resultados, o BEAGLE confirmou que, de fato, as palavras que aparecem mais frequentemente em conjunto no mundo real são o gatilho para uma reação mais rápida em laboratório. Isto é válido para estereótipos positivos e negativos, como “masculino – forte” e “feminino – fraco”, mas também para os pares completamente neutros, como “verão – ensolarado”.
Também não houve relação entre os preconceitos implícitos das pessoas, medidos pelo tempo de reação, e seu racismo explícito, medido através de questionários.
Isto mostra que pelo menos parte do suposto racista ou sexista dentro de todos nós é, na verdade, um monstro que não é de nossa própria fabricação, construído a partir de contatos com o nosso meio ambiente.
Embora limitada à população em idade universitária, os pesquisadores afirmam que os resultados pintam um retrato do preconceito como um ciclo doloroso: o pensamento preconceituoso gera discurso preconceituoso, que é então internalizado para gerar o pensamento ainda mais preconceituoso.
Mas, claro, a cultura não é desculpa para o racismo já que a influência da sociedade sobre seus indivíduos não os isenta de suas responsabilidades pessoais.
E, como sugere o estudo, fazer as correções políticas poderia ser uma boa ideia para não colocar esses estereótipos lá fora e incentivar mais a intolerância
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Teorias científicas e crenças populares sugerem que nosso cérebro se deteriora com a idade, tornando-se menos capaz de tomar decisões fundamentadas. Mas, na verdade, a velhice pode ser sinônimo de sabedoria.
Cientistas provaram que as pessoas com mais de 55 anos usam seus cérebros com muito mais eficiência do que as pessoas mais jovens.
Pesquisadores do Canadá descobriram que anos de experiência de vida faz com que cérebros mais velhos sejam tão eficazes quando se trata de tomada de decisão quanto o de seus colegas mais jovens.
As pessoas mais velhas se incomodam menos com cometer um erro, e usam seus cérebros de forma mais seletiva do que as mentes mais jovens, apenas envolvendo certas partes no momento preciso em que são necessárias.
Os cientistas do Instituto de Geriatria da Universidade de Montreal estudaram 24 jovens com idades entre 18 e 35 anos, ao lado de um grupo de 10 idosos com idades entre 55 a 75 anos.
Os participantes completaram uma série de tarefas cada vez mais difíceis, enquanto os pesquisadores monitoravam sua atividade cerebral.
Os resultados de exames de neuroimagem mostraram que os cérebros jovens e idosos reagiam de maneira muito diferente quando ouviam que tinha cometido um erro em um exercício.
Enquanto os jogadores mais jovens instantaneamente ativavam diversas áreas de seus cérebros, os participantes mais velhos “lutavam” contra o erro e mantinham as partes relevantes do seu cérebro dormentes até a próxima tarefa.
O autor do estudo, Oury Monchi, disse que o experimento foi uma prova de que a sabedoria vem com a idade. “Quando se trata de determinadas tarefas, os cérebros de adultos mais velhos podem ter o mesmo desempenho que os de mais jovens”, acrescentou.
Ele disse que as descobertas se assemelham ao conto da lebre e da tartaruga, a fábula em que o concorrente mais lento, mas mais cauteloso, ganha a corrida. “Já se sabia que o envelhecimento não é necessariamente associado a uma perda significativa na função cognitiva. Quanto mais velho, mais experiência tem o cérebro, que sabe que nada se ganha com pressa”, argumentou Monchi
Matéria publicada no Hype sciense.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
VINGANÇA sentimento. Raiva emoção.
Quando alguém lhe faz algum mal, parece não haver sensação melhor do que dar o troco, não é mesmo? Mas será que a vingança é realmente tão doce quanto parece?
Na verdade, é; pelo menos, no começo. “Quando as pessoas se vingam, há realmente uma sensação de alívio e até mesmo uma liberação de serotonina e oxitocina no cérebro que faz você se sentir melhor”, diz a professora de estudos internacionais e da mulher Mia Bloom.
Não é preciso atirar na cara de alguém para ser feliz. Mesmo que o ato de vingança seja tão simples como se aproximar de uma pessoa para conversar, ignorar um e-mail ou sabotar o projeto de um colega de trabalho, a “revanche” pode ser simplesmente satisfatória.
Bloom estudou a participação feminina no mundo dos grupos terroristas. Segundo ela, as mulheres geralmente recorrem a atos de terrorismo e atentados suicidas por cinco motivos: vingança, redenção, respeito, relacionamento e estupro.
Os atos violentos muitas vezes não são para satisfação pessoal. Na maioria das vezes, eles são altruístas ou uma maneira de se vingar de injustiças feitas aos seus familiares, comunidades ou religião.
Embora a execução de uma trama de vingança realmente nos faça sentir melhor por causa da reação química em nosso cérebro, Bloom diz que também tem um lado negativo.
“Cria um ciclo de violência”, explica. “No momento em que uma pessoa exige vingança, há uma resposta e outra resposta. A violência nunca é uma solução, porque se torna interminável”, conta.
Bloom entrevistou dezenas de mulheres que cometeram ou tentaram cometer atos violentos, incluindo mulheres católicas na
Irlanda, mulheres hindus no Sri Lanka e mulheres americanas recrutadas para ir para o Iraque e para o Afeganistão. Depois de procurar vingança, essas mulheres muitas vezes experimentam altos níveis de culpa, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e outras formas de trauma.
“Elas expressam pesar”, afirma Bloom. “Uma bombardeira que falhou disse que foi ao mercado, mas viu crianças, e simplesmente não podia cruzar essa linha. É muito difícil tirar outra vida, não importa quem seja essa pessoa ou o que ela tenha feito”, diz.
Postado por Natasha Romanzoti, no Hipescience.
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